Aula de apoio para o trabalho do bimestre
Pré-modernismo
Esse período, que corresponde ao início do século XX,
exigiu do artista um novo olhar para a realidade, um olhar que pudesse dar
conta de nossa diversidade (regiões, centros urbanos, imigrantes etc). Com essa
intenção, a produção de crônicas e romances refletiu aspectos cruciais do
Brasil daquela época.
Com a modernização da imprensa à época pré-modernista,
os textos circulavam mais rapidamente, e a necessidade de informações deu
origem às coberturas in loco, com correspondentes, como as que
conhecemos hoje. Ao cronista, então, cabia a tarefa de comentar esses fatos.
Nesse contexto,
escritores como Lima Barreto e João do Rio desenvolveram um olhar crítico para
a sociedade brasileira e, não raro, aliaram as feições jornalísticas da crônica
com o trabalho artístico da linguagem.
A nova fase política, aliada à modernização
tecnológica, tornou a cidade, especialmente o Rio de Janeiro, o foco das
atenções. A urbe necessitava conhecer o país como um todo, queria notícias
diárias. Então, se, por um lado, surgiram os romances regionais, de outro, as
coberturas jornalísticas dos fatos ganharam especial interesse e importância.
Sem dúvida, invenções como a fotografia, o telégrafo e o cinema foram
determinantes para o Pré-Modernismo, pois, cada vez mais, a Literatura precisou
adequar sua expressão à busca pelo real. Nesse sentido, as crônicas foram
textos exemplares, adequando-se à transformação do gosto literário, que, cada
vez mais, demandava a atualidade.
O ambiente urbano e sua modernização foram vitais para
a produção pré-modernista, assim é importante
visualizarmos o Rio de Janeiro da época e, assim, imergir no universo
explorado por Lima Barreto e João do Rio.
I- ASPECTOS HISTÓRICOS:
No que concerne ao contexto histórico, esse foi um
período de guerras, miséria, desemprego e revoltas populares. Os primeiros anos
da República com Floriano Peixoto (1891-1894), foram marcados por protestos da
oposição que não o aceitavam como presidente e que culminaram em dois
conflitos: Revolta Federalista do Rio
Grande do Sul e Revolta da Armada.
Vale ainda citar outras revoltas que marcaram o período pré-modernista: a Guerra de Canudos, ocorrida nos anos de
1896 e 1897, na Bahia; a Revolta da
Vacina, no Rio de Janeiro, em 1903; e a Revolta da Chibata, também no Rio de Janeiro, em 1910.
Na capital fluminense, o século XX tem início com
grandes transformações promovidas pela Reforma Pereira Passos. Segundo vários
historiadores, um dos maiores problemas urbanos do Rio, a favelização, começou
exatamente nesse período.
Outros problemas sociais preocupavam:
·
Mão-de-obra
escrava substituída por imigrantes gerando muita marginalização
·
Condições de
trabalho aviltantes nas indústrias
·
1917 – greves
operárias em São Paulo.
·
O Nordeste sofria
com a seca e a estagnação econômica, era atacado por cangaceiros e favorecia a
arregimentação de fanáticos por seitas.
O final do século XIX e início do século XX, destacou
aspectos como a riqueza de poucos em detrimento da miséria de muitos, o
desemprego e o empenho de reprodução dos modelos franceses na Belle Époque,
e um olhar mais crítico para as diferentes regiões do Brasil.
II- MARCOS HISTÓRICOS:
Neste
contexto surge o Pré-modernismo, que não chega a ser uma “escola literária, mas
um período de transição em que conviveram várias tendências. Podemos citar como
marcos:
·
Início: 1902 –publicação
de Canaã, de Graça Aranha e Os Sertões, de Euclides da Cunha.
·
Término: 1922- realização da Semana de Arte Moderna, no
Teatro Municipal de São Paulo.
Esse período caracteriza-se pela convivência de várias
correntes e estilos com predominância ainda do Parnasianismo.
Os parnasianos, literatos oficiais, estavam preocupados
com prestígio social (literatura
“sociedade do sorriso”), pregavam modelos europeus e tom retórico em cafés e
saraus.
Surgem alguns autores preocupados em interpretar a
realidade brasileira, revelar suas tensões e problemas sociopolíticos da época.
III- CARACTERÍSTICAS:
·
Experiências
precursoras da linguagem modernista na poesia e na prosa.
Ex.: Na poesia, o vocabulário científico de Augusto
dos Anjos (de origem simbolista) e na prosa, a linguagem jornalística de
Euclides da Cunha.
·
Intenção de
construir um Brasil literário que correspondesse mais ao país real, abandonando
as visões particularizadas das elites dos grandes centros.
·
Aproximação entre
o momento histórico vivido e a trama desenvolvida nos romances.
Trata-se de uma época em que se podem observar os
seguintes planos:
a) Formal:
conservador, uso das descrições, da linguagem prolixa, das características
realistas e naturalistas na prosa.
b) Temático: inovador, partindo de uma
postura crítica da realidade brasileira. Na prosa, preocupação em registrar as
preocupações sociais da época.
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