Escrevendo sua História

"Escrever nossa própria história pode ser difícil, mas não é tão duro quanto passar fugindo dela."

Brené Brown

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O Mito da Caverna - 2º ano EM

Ao final do século XIX, o progresso e a transformação do espaço urbano se mostraram incapazes de promover reais mudanças na sociedade, beneficiando apenas uma pequena parte da população. Sendo assim, instaurou-se um clima de descrença e pessimismo que abriu espaço para a arte se voltar para ela mesma, apartando-se da realidade objetiva e centrando-se na realidade subjetiva. Na literatura, os poetas simbolistas utilizaram uma linguagem extremamente abstrata, que mais sugeria do que dizia.
Para mostrar a descrença na razão, motivada por um profundo descontentamento com os supostos avanços que inundaram a sociedade ao final do século XIX, procure assisitr ao vídeo “Mito da Caverna”, uma versão em história em quadrinhos para o célebre mito criado pelo filósofo Platão. 
Segundo o mito original, em uma caverna, vivem prisioneiros cuja única forma de contato com o mundo exterior é através das sombras projetadas nas paredes pela luz de uma fogueira. Quando finalmente libertos, os ex-prisioneiros maravilham-se com o real, com a verdade, com um mundo tangível e palpável ao qual não tinham acesso. No entanto, tendo vivido desde o nascimento na escuridão, esses seres têm dificuldade para se habituar à luz, ao mundo real.
Assista também o vídeo Ser ou não ser - Platão, o mito da caverna, da série apresentada pela filósofa e psicanalista Viviane Mosé, exibido pelo Fantástico.
É importante destacar que a caverna e a consequente privação de luz simbolizam a ausência de conhecimento. Para Platão, tal como os prisioneiros em sua alegoria, os seres humanos não teriam condições de acessar a verdade. Todos seriam iludidos por seus sentidos. Como ocorreria na caverna, visão, tato, audição, olfato e paladar permitiriam ao homem apenas o contato com sombras, meras projeções da essência de todas as coisas. O sol, ao contrário, visto somente depois da saída da caverna, representa o saber, o conhecimento da essência. Esse saber, que ilumina alguns, não chega a outros, que permanecem no interior, felizes e descrentes da verdade exterior à caverna.
Na poesia, os simbolistas também questionam as sombras e as projeções representadas pelo progresso do final do século XIX. Nesse contexto, a saída encontrada pela arte foi lidar com essa realidade de outra forma, com um olhar pessimista e reflexivo.
O pessimismo, motivado pelo descrédito da racionalidade humana, foi representado pela recorrência de elementos que remetiam ao vago, ao impreciso. Nesse sentido, a poética simbolista conseguia se contrapor à postura racional, marcada pela clareza, objetividade e exatidão. Mas como representar o vago? A resposta dos poetas simbolistas está na criação de imagens sugestivas, como aquelas proporcionadas pelas mesclas inovadoras de sentidos, as sinestesias. É por isso que, a despeito de se preocupar com a essência, o Simbolismo explorou tanto os sentidos humanos, considerados enganadores por Platão.
Assim, o Simbolismo, evidenciando pontos de contato com o mito, representou a reflexão crítica sobre a razão e a realidade na literatura. 
Mito da Caverna - HQ Maurício de Souza



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